segunda-feira, 7 de junho de 2010

"O Ministério da Informação adverte: a informação pode fazer mal a sua saúde mental."

(Alberta Peçanha, personagem de Cláudia Jimenez em "Vida Alheia", da Rede Globo, que não mede esforços para conseguir furos – às vezes sem prestar muita atenção à ética.)

Quando se trata de manipulação da informação, sempre achei que a Internet era a grande vilã.
Bom, continuo achando... mas só pouco mais de 20% da população tem acesso à ela.
Mas, preste atenção na televisão que está presente em 98% do lares brasileiros.

Eu diria que tudo que está na Internet é duvidável...
... mas também duvide de tudo o que você vê na 'telinha'.
Não estou falando de novelas, filmes e séries que são obras de ficção, mas de noticiários, entrevistas, cobertura política, econômica, policial, esportiva, etc., etc.
A 'armação' na televisão, como na Internet, também existe, e há muito, mas muito mais tempo...
Com poucas exceções, tudo o que você vê na tela da televisão, mesmo ao vivo, é 'editado' (ou 'cortado'), não só para cumprir o tempo determinado da matéria, mas muitas vezes 'montado' propositadamente de forma que seja o mais sensacionalista possível. Afinal, sensacionalismo traz, infelizmente, maior audiência, que é sinônimo de lucro, que é sinônimo de poder, e a qualquer preço.
O "Vale Tudo" do capitalismo selvagem, também na televisão, justifica esses 'desvios' em prol da ganância dos seus concessionários-proprietários, anunciantes e outros interessados.

Quando você vê uma imagem ilustrando algum acontecimento, por exemplo, uma catástofre ou um conflito, ou uma guerra em algum lugar do mundo, olhe bem se não é alguma imagem que você já viu em outra emissora com outra matéria. Às vezes é até uma imagem de arquivo comprada, adequada à 'temperatura' que se quer dar à notícia, apenas para encher o espaço, e que te vendem como 'ao vivo' e real... e como saber???
Aliás, toda imagem de arquivo deveria vir com a legenda dizendo - "imagem de arquivo" - com data, local e justificativa de estar ali. Raríssimas vezes isto acontece. Por que será? O que falta?
Tempo? Competência?
Não, falta escrúpulo e respeito a nós tele-consumidores.

Quando você vê uma entrevista ou uma matéria com um político, um artista, uma celebridade, ou com alguém envolvido em algum fato ou notícia escabrosa, só vai ao ar o que interessa à emissora, ou ao resultado, às vezes 'tendencioso', esperado pela divulgação da notícia por algum dos agentes.
Aí, eles chamam até um "famoso quem?" especialista naquele assunto para dar sua opinião como se fosse a própria fonte da verdade absoluta, e ponto final. Engula, porque se ele disse, é verdade mesmo!!!

'Ao vivo' em uma emissora é uma coisa, em outra, é outra coisa. Varia conforme a consciência, valôres e ética da cada uma.

Você pode estar vendo só uma imagem e não a realidade... e se uma imagem vale mais que mil palavras, uma falsa imagem vale mais de mil enganos...

Portanto, tome cuidado com o que você vê e ouve, e não se deixe levar pela forma fácil, prática, preguiçosa e etérea de consumir informação pela televisão.
Duvide, questione, consulte outros meios e, então, faça seu juízo de valôres da forma mais consciente possível para não entrar em outra furada como o caso da "Escola de Base", lembra?
(Um bom canal para consultar é ler o "Observatório da Imprensa" do jornalista Alberto Dines, algo ainda sério na Internet)
Só aí, passe a digerir a informação e, como dizem os jornalistas, 'repercurtir' com seus amigos ou consigo mesmo.

Se você não viu o filme "Wag the Dog", 1997 (em português, nas locadoras, "Mera Coincidência"), veja e pense!

Você vai dar mais valor ao 'contrôle remoto' e ao botão 'Desligar' da sua TV.
E ler mais, inclusive este blog. Obrigado!

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