Mais uma pobre menina que morreu tràgicamente, como outras 100 crianças, ricas ou não, que morrem todos os dias por maus tratos, negligência, violência física, abuso sexual e psicológico - segundo levantamento feito pelo Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo, neste mundo cada vez mais maluco. E daí?
É disso que vive a mídia.
Somos obrigados a ver e ouvir, neste caso, em todos os programas de rádio e tv, a cobertura do 'julgamento do ano'... maior até que o BBB10, pode?
Por que este é diferente?
Porque, o que menos interessa é o exercício da liberdade, da justiça, dos valores da vida e da informação.
É o fim dos tempos, diria o "Observatório da Imprensa" do 'Alberto Dines', dos tempos de uma imprensa livre e independente e, acima de tudo, responsável.
Prá quem já viu a gravação externa de um programa de tv, qualquer que seja, já sabe do que eu estou falando. É uma grande armação, apenas mais um grande show e uma grande manchete forjada para dar audiência, como faziam os jornais antigamente para vender mais.
Lembra da manchete: "O cachorro fez mal à moça", que se referia a um 'cachorro quente' que a moça comeu?
Qualquer cobertura da tv e rádio, sem exceção, é um grande teatro, com cenário, atores, coadjuvantes e um diretor, quase sempre 'mal-intencionado', que só quer ver os números da audiência que sua empresa exige, e seu futuro no ramo, e um monte de 'extras', os "inocentes úteis", nós, e aqueles que gostam de aparecer e ter seus 15 segundos de fama a qualquer custo (os famosos e especialistas 'quem?'), quando a câmara é ligada.
É fácil constatar. Lembra do carnaval? Das quadras das escolas?
Quando não havia câmara ligada, ninguém dava bola, mas quando o repórter dizia: - Aí está a quadra da escola "Tal", a galera começava a dançar e gritar como loucos, certamente comandados por uma animador de auditório, como em todos os programas de auditório...
É igual em qualquer cobertura de um fato notável.
Mas isto não é privilégio nosso não, acontece no mundo inteiro. Basta ver o filme "Wag the dog", de 1997, com o Dustin Hoffman, veja abaixo, que em português traduziram nas locadoras como "Mera Coincidência", ou "O rabo que abana o cachorro", como eu conheci e acho muito mais apropriado.
Vale a pena assistir. É uma demonstração clara do poder da mídia, no seu pior sentido.

Eu acredito na máxima que eu aprendi no meu curso de direito:
"- In dubio, pro reu", ou seja, "Na dúvida, a favor do réu".
Se não temos certeza da culpa, inocentamos os réus.
E, como democrata, eu acredito na liberdade total para a imprensa, com responsabilidade e punição para os excessos, conforme a lei.
E a mídia? Como julgar?
A "Escola de Base" parece que já foi esquecida...
Mas nós, o povo, seremos sempre os 'jurados' (os juízes) deste grande tribunal que julga as ações de toda a sociedade.
E, nós, deveremos responder ao juiz:
"Culpados ou Inocentes".
O que a sua consciência diz?
Eu queria saber.
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