quinta-feira, 25 de março de 2010

Culpados ou Inocentes?

Por falta de 'melhores' notícias, estamos tendo uma enchurrada de cobertura do caso "Isabella".
Mais uma pobre menina que morreu tràgicamente, como outras 100 crianças, ricas ou não, que morrem todos os dias por maus tratos, negligência, violência física, abuso sexual e psicológico - segundo levantamento feito pelo Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo, neste mundo cada vez mais maluco. E daí?

É disso que vive a mídia.

Somos obrigados a ver e ouvir, neste caso, em todos os programas de rádio e tv, a cobertura do 'julgamento do ano'... maior até que o BBB10, pode?

Por que este é diferente?

Porque, o que menos interessa é o exercício da liberdade, da justiça, dos valores da vida e da informação.

É o fim dos tempos, diria o "Observatório da Imprensa" do 'Alberto Dines', dos tempos de uma imprensa livre e independente e, acima de tudo, responsável.

Prá quem já viu a gravação externa de um programa de tv, qualquer que seja, já sabe do que eu estou falando. É uma grande armação, apenas mais um grande show e uma grande manchete forjada para dar audiência, como faziam os jornais antigamente para vender mais.
Lembra da manchete: "O cachorro fez mal à moça", que se referia a um 'cachorro quente' que a moça comeu?
Qualquer cobertura da tv e rádio, sem exceção, é um grande teatro, com cenário, atores, coadjuvantes e um diretor, quase sempre 'mal-intencionado', que só quer ver os números da audiência que sua empresa exige, e seu futuro no ramo, e um monte de 'extras', os "inocentes úteis", nós, e aqueles que gostam de aparecer e ter seus 15 segundos de fama a qualquer custo (os famosos e especialistas 'quem?'), quando a câmara é ligada.

É fácil constatar. Lembra do carnaval? Das quadras das escolas?
Quando não havia câmara ligada, ninguém dava bola, mas quando o repórter dizia: - Aí está a quadra da escola "Tal", a galera começava a dançar e gritar como loucos, certamente comandados por uma animador de auditório, como em todos os programas de auditório...

É igual em qualquer cobertura de um fato notável.

Mas isto não é privilégio nosso não, acontece no mundo inteiro. Basta ver o filme "Wag the dog", de 1997, com o Dustin Hoffman, veja abaixo, que em português traduziram nas locadoras como "Mera Coincidência", ou "O rabo que abana o cachorro", como eu conheci e acho muito mais apropriado.
Vale a pena assistir. É uma demonstração clara do poder da mídia, no seu pior sentido.


Eu acredito na máxima que eu aprendi no meu curso de direito:
"- In dubio, pro reu", ou seja, "Na dúvida, a favor do réu".
Se não temos certeza da culpa, inocentamos os réus.

E, como democrata, eu acredito na liberdade total para a imprensa, com responsabilidade e punição para os excessos, conforme a lei.

E a mídia? Como julgar?
A "Escola de Base" parece que já foi esquecida...

Mas nós, o povo, seremos sempre os 'jurados' (os juízes) deste grande tribunal que julga as ações de toda a sociedade.

E, nós, deveremos responder ao juiz:

"Culpados ou Inocentes".

O que a sua consciência diz?

Eu queria saber.

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